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Chega Mais! domingo, 18 de abril de 2010

Dizemos que a mentira tem pernas curtas porque sabemos que ela não costuma ir muito longe. Cedo ou tarde, ela cambaleia, tropeça e acaba sendo alcançada pela verdade. Isso acontece por, pelo menos, dois motivos: primeiro, porque quando mentimos fazemos mais esforço do que quando dizemos a verdade,em função do dilema moral envolvido na questão,ainda que inconsciente. Segundo porque, quando precisa ser repetida, a mentira perde força, sendo contaminada por fragmentos da verdade ou por outra mentira, pois sua base não é a realidade, e sim a ficção.
Mentir significa “inventar” uma verdade que não existe, e não “relatar” a verdade como ela é. A mentira começa com a pessoa, a verdade é anterior a ela. Quando mentimos criamos uma realidade que não se baseia em nenhum outro fato, a não ser nossa própria criatividade, o que não é suficiente para sustentar o que foi dito, caso o assunto não se esgote rapidamente. O candidato a emprego que mente sobre sua experiência e qualificações será desmascarado pela inconsistência do currículo ou pela incapacidade de atender às expectativas que criou. E por aí vai. Fatos que demonstram o insustentável peso da mentira podem ser colhidos aos montes na história de vida de quase todas as pessoas – de adolescentes a presidentes da república.


' Por que mentimos?

Essas são questões da ética humana que interessam a várias correntes do pensamento. A psicologia explica a mentira pelo mecanismo de defesa, a sociologia pela busca do poder, a filosofia pela imperfeição humana e a religião pela compulsão ao pecado. As explicações, entretanto, quase nunca justificam a mentira ou desculpam o mentiroso.
As motivações são diversas, o que pode ser percebido até na literatura. Podemos examinar um filme e uma novela que abordam bem essa faceta do ser humano, com suas conseqüências. O filme: O Fabuloso Destino de Amélie Poulain*, dirigido por Jean Pierre Jeunet – uma versão moderna de Poliana, a garota que sempre via o lado bom das situações. Em uma das cenas, Amélie conta a Joseph que Georgette está apaixonada por ele e, para Georgette, afirma que Joseph também está interessado nela. Duas mentiras, pois eles não haviam dito nada disso, mas nossa heroína percebeu a possibilidade de aproximar os amigos que sofriam, ambos, do medo da rejeição. A conseqüência foi que essa “mentira amorosa” encorajou o casal a se relacionar, o que acabou interferindo, para melhor, no clima do bar que todos freqüentavam.
A novela: Beto Rockefeller**, escrita por Bráulio Pedroso e produzida pela TV Tupi em 1968, marcando o início da moderna teledramaturgia brasileira. O personagem, Beto, interpretado por Luis Gustavo, é um rapaz suburbano de São Paulo, inconformado com sua pobre condição social. Por ser simpático e bem falante, consegue ser aceito por grupos de jovens da elite paulistana, que desconhecem sua origem. Durante toda a trama ele se faz passar por filho de uma família rica e aristocrata. Inventa histórias, mente descaradamente, arma tramas incríveis e, dessa forma, vai se dando bem. Até que, é claro, a casa cai, os amigos descobrem sua verdadeira identidade e o anti-herói sofre as conseqüências de sua impostura.

Quais as semelhanças e as diferenças entre essas duas histórias? A semelhança é que os dois personagens-tema usam mentiras para atingir seus objetivos. A diferença fica por conta da qualidade dos objetivos. Enquanto Amélie inventa lorotas com a intenção de ajudar seus semelhantes, Beto só quer se dar bem. Nos dois casos, ambos foram desmascarados, com a diferença que Amélie foi ainda mais querida por seus amigos, enquanto Beto foi defenestrado por todos.

Mas que força é essa que nos impele a não sermos sempre fiéis aos fatos? Há mentiras justificadas ou não? A verdade, doa a quem doer, sempre é a melhor opção?

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Todo mundo mente para evitar sofrimento. Mas a mentira acaba gerando um desgaste enorme e, no fim das contas, vale a pena ser evitada"

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Eu assisti o filme 'O Fabuloso Destino de Amélie Poulain' e é muito fofo,as fotografias são lindas e a história encantadora,o filme se passa na França e basicamente começa quando ela
encontra uma caixa escondida no banheiro de sua casa e, pensando que pertencesse ao antigo morador, decide procurá-lo ­ e assim que o encontra e ao ver que ele chora de alegria ao reaver o seu objeto,ela fica impressionada e adquire uma nova visão do mundo. Então, a partir de pequenos gestos(e algumas mentiras), ela passa a ajudar as pessoas que a rodeiam, vendo nisto um novo sentido para sua existência.Além de tudo o filme é bem colorido e até engraçado,pra quem ainda não assistiu,vale a pena conferir!

**Infelizmente não tive o prazer de assistir essa novela (novelas antigas despertam minha atenção),porém,minha avó assistiu e disse que era muito boa,e que inúmeras vezes torcia para que o descobrissem,segundo ela,era injusto ele mentir para os 'amigos' e pessoas que gostavam dele.


ps. a parte da minha avó é mentira (mas ficou fofo)

http://vidasimples.abril.com.br/edicoes/027/atitude/conteudo_237877.shtml
http://www.uteisefuteis.com.br/as-mentiras-mais-contadas-e-que-sao-pura-verdade/
http://www.adorocinema.com/filmes/amelie-poulain

Um comentário:

Anônimo disse...

"Tb vi o filme e adorei,no início achei confuso,mas depois fluiu."

Há mentiras justificadas ou não? A verdade, doa a quem doer, sempre é a melhor opção?

Acho que há mentiras justificadas,sim.Aquelas que não ferem ou que servem pra divertir alguém (como o ex da vó,no post). E a verdade não precisa ser sempre a 1ª opção,as vezes omitir é melhor que mentir ou falar a verdade. Parabéns pelo blog!

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